O acto da criação, entendo-o como um processo contínuo de combinação de ideias que se desenvolvem e vão crescendo com a utilização constante de novos materiais. O encontro entre a insatisfação artística e uma insaciável curiosidade de pesquisas plásticas constitui o motor que alimenta esta procura algo obsessiva do meu trabalho.
A presente exposição é uma amostra do que tem sido a minha atitude plástica. Por largos períodos fui, em exclusivo, abordando compulsivamente certas práticas artísticas; primeiro foi a cor e os acrílicos em tela, depois seguiu se o preto aliado à pincelada algo gestual e depois fui ao encalço das texturas por intermédio da elaboração e da desconstrução da matriz em zinco e que do papel passaram para o têxtil. Mais recentemente, durante a pandemia, da linogravura, trabalhada no recato (obrigatório!) do lar, fiz placas de grés a que chamei de linocerâmica e já que estava com a “mão na massa” parti para algumas incursões em cerâmica que muito gozo me deram.
O que na sala está exposto é parte de dezenas de experimentações e peças efectuadas em série e que fui construindo aos conjuntos de três, numa tentativa de conjugação harmoniosa. O provérbio popular “3 é a conta que Deus fez” reflecte a forte simbologia cristã da Santíssima Trindade e cujo resultado na pintura sacra medieval se manifestou nos habituais trípticos dos retábulos em madeira. Na numerologia, a energia criativa é um dos significados do número 3 e diz-se também que a Pintura é a 3a Arte... Pois assim, nesta fabulosa Sala Triângulo, dou voz ao número 3 que muito aprecio em termos conceptuais, numa perspectiva de constante complementaridade e de resolução na composição criativa.
Nim, nome artístico de Teresa Castanheira, pertence ao colectivo de artistas da Cooperativa / Galeria Diferença e tem participado, desde 1999, em exposições colectivas e individuais, tanto em Portugal (Galeria Novo Século, Galeria São Mamede e Galeria Diferença; Bienais do Douro, Coruche e Montijo) como no estrangeiro (Barcelona, Paris e Macau). Tem obra editada pelo Centro Português de Serigrafia num conjunto de dezanove gravuras (2013, 2015, 2017 e 2019). Licenciada em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa é professora de História da Música e História da Cultura e das Artes na Escola de Música do Conservatório Nacional. Colaborou em vários meios de comunicação social – Antena 2, TSF e SIC –, com particular destaque no semanário Expresso, como crítica musical de 1998 a 2006.
Tem-se dedicado à divulgação da música e da pintura com a realização de cursos nas mais diversas instituições e empresas como Centro Nacional de Cultura, El Corte Inglés, Museu Nacional de Arte Antiga, Museu Paula Rego, Fundação Júlio Resende e Câmaras Municipais de Cascais, Oeiras, Vila Franca de Xira e Alpiarça. Publicou os livros História da Música, uma Introdução numa parceria El Corte Inglés e Arranha-Céus Editora (2012) e Cores & Sons, um Diálogo entre a Pintura e a Música do séc.XX pela Livros Horizonte (2015).