O trabalho numa prensa de gravura pode ser aditivo. Infinitamente viciante! São tantas as possibilidades que se nos deparam em termos de técnicas que a experimentação e o gozo na constante elaboração podem comandar o acto de criação do artista.
5 elevado a 3 agrupa um conjunto de trabalhos que se foram desmultiplicando em torno deste “monstro” monolítico que gira ao nosso comando existente na oficina do 1o andar da Cooperativa Diferença. E aqui, na cave, no Espaço Quadrado, reúnem-se impressões elaboradas com base na usual técnica da zincogravura juntamente com trabalhos resultantes das mais diversas técnicas mistas, em tecido de algodão e em papel gampi oriundo do Japão. Torno a repetir, este processo quase inesgotável de uma procura plástica constante é testemunho do quão viciante pode ser o acto criativo, quer pelo prazer na experimentação, quer pela própria necessidade vital de elaboração mental (e física) de qualquer artista.
5 são as propostas nos mais variados suportes: a primeira, a mais tradicional e a única aqui passível de ser reproduzida em múltiplos, são as gravuras com uma matriz em zinco, e a utilização de águas fortes e águas tintas; depois, as monotipias, em trabalhos irrepetíveis como a gravura em oco com um apontamento de “linha costurada”, as técnicas mistas sobre papel gampi, as faixas ao alto em jeito nipónico de pano cru e as pequenas telas com simples anotações de costura.
3 porque é uma ancestral “trilogia” e é a minha escolha para as paredes deste Espaço Quadrado numa combinação que me parece equilibrada do ponto de vista expositivo. Além disso, o work in progress em torno de desdobradas provas plásticas, conduz a uma construção de inúmeros exemplares, que, à parte estes três, ficaram na gaveta. Contudo, como em muitos princípios normativos, a excepção confirma a regra, na elaboração mental (e prática) tanto surgiram trípticos como dípticos que se encontram no centro desta sala.
Nim, nome artístico de Teresa Castanheira, é licenciada em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa e é professora de História da Música e História da Cultura e das Artes na Escola de Música do Conservatório Nacional. Colaborou em vários meios de comunicação social – Antena 2, TSF e SIC –, com particular destaque no semanário Expresso, como crítica musical de 1998 a 2006.
Na área da expressão plástica consolidou o percurso artístico na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa onde frequentou os cursos de Pintura, Desenho e História de Arte. Tem participado, desde 1999, em várias exposições colectivas e individuais, tanto em Portugal (Galerias Diferença, Novo Século e São Mamede; Bienais do Douro, Coruche e Montijo) como no estrangeiro (Barcelona, Paris e Macau). Pertence ao colectivo de artistas da Cooperativa / Galeria Diferença que comemorou 40 anos de existência em 2019.
Dedica-se à divulgação da música e da pintura com a realização de cursos nas mais diversas instituições e empresas como Centro Nacional de Cultura, El Corte Inglés, Museu Nacional de Arte Antiga, Museu Paula Rego, Fundação Júlio Resende, Banco de Portugal e Câmaras Municipais de Cascais, Oeiras, Vila Franca de Xira e Alpiarça.
Publicou os livros História da Música, uma Introdução numa parceria El Corte Inglés e Arranha-Céus Editora (2012) e Cores & Sons, um Diálogo entre a Pintura e a Música do séc. XX pela Livros Horizonte (2015). Prepara um segundo volume que cruza esta temática da música com a pintura.
Nim Castanheira tem já um conjunto de dezanove gravuras editadas pelo Centro Português de Serigrafia (2013, 2015, 2017 e 2019).