De 29 Abril até 30 Maio 2011

Catarina Castel-Branco

Diário de coleccionador

Exposições

Espaço Triângulo

A verdade é que não quero falar da Catarina pintora, só quero saber da Catarina pessoa.
A verdade é que conheci primeiro a Catarina pintora e, felizmente, pude conhecer a Catarina pessoa.
A verdade é que a Catarina pessoa não vive sem a Catarina pintora e vice-versa.
A verdade é que se não fosse a Catarina pintora eu não teria conhecido a Catarina pessoa.
E nesta exposição, estes quadros, estas reflexões, são mais representativas das duas Catarinas do que quaisquer outros que engoli com os olhos (os olhos, sobretudo, comem quadros).

A Catarina pessoa é um armazém de lembranças que não são saudosistas. É um álbum de recor-dações de tempos e de gente que a rodearam e nunca a abandonaram, mas a quem ela nunca permitiu que lhe trancassem a imaginação. É um estandarte da alegria que usa as sombras, não para ensombrar, mas para amainar. Que sabe dar ao antes o valor do agora e até do depois.

A Catarina pessoa andou em arrumações e encontrou estórias, colecções, épocas e nomes que, em alguns casos, nem conheceu. As mesmas mãos que arrumaram e os mesmos olhos que esco-lheram e verificaram o que era cada pedaço de papel, cada coisa, cada recordação, entregaram tudo a Catarina pintora que lhes deu uma nova vida, os tirou do esquecimento, e os transformou em objectos que, no futuro, serão memória de outros.

Estes são quadros para descobrir como um jogo: o que diz aqui? Que papel é este? Que material aqui está? … e com a mão, devagarinho, tal como fazemos quando mexemos no que nos é preci-oso, apalpar para que os sentidos sejam todos afagados. Só lhes falta terem cheiros.
Quem disse que a memória não é criativa?

Nasceu em Abrantes em 1956.
Diplomada pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa e pela Academia Gerrit Rietveld de Amsterdam.
Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian em 1984 e durante os anos letivos de 1987/88 e 1988/89, enquanto aluna da Academia Gerrit Rietveld. Bolseira do Governo Holandês (NUFFIC) em 1989, enquanto gravadora no Amsterdams Grafich Atelier.

Realizou, entre 1983 e 2022, vinte e oito exposições individuais de gravura, pintura e desenho. Participou em mais de setenta exposições colectivas a convite de várias instituições nacionais e estrangeiras.
Em 1987 ganhou o Prémio da Exposição Nacional de Gravura, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Cooperativa Gravura. Em 1990 ganhou o Prémio de Edição na II Bienal de Gravura na Amadora. Editada pela “Gravura” em 1988 e 1989. Em 1991/92 foi convidada a ilustrar com gravuras e desenhos da sua autoria os convites, programas e cartazes do Serviço de Música da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1992 ilustrou os programas e cartazes do Festival Internacional de Música do Algarve e o cartaz de apresentação da Orquestra Gulbenkian. Realizou o cenário da peça “Três passagens para Moscovo”, no Centro Cultural de Belém, em Junho de 1994. Em 2004 foi convidada pela Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva a representar Portugal no 37º Prémio Internacional de Arte Contemporânea de Monte Carlo. Está representada em: Museu de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Museu V. Moderne Kunst (Amsterdam, Holanda), Museu Martins Correia (Golegã), Museu Armindo Teixeira Lopes (Mirandela).

Coleções particulares: Clube 50 (Lisboa), Coleção da Sociedade de Advogados (PLMJ) e Coleção Millenium BCP. Está representada em coleções em Portugal, Brasil, Bélgica, França, Itália, Espanha, Holanda, Luxemburgo, U.S.A., Japão e México.