Lux, é uma exposição em regime de instalação que se desenvolve a partir de uma matéria, o mármore, do seu local de extracção, o Anticlinal de Estremoz e de uma praxis artística, a da escultura e da sua história. A escultura, que se pode, desde meados do século passado, concretizar em inúmeras matérias e em infinitas formas, do objecto autónomo moderno até à instalação ou mesmo à performance, será hoje, contudo, uma das vias artísticas mais eficazes na importância da materialidade. Centrada na criação como aspecto essencial do objecto artístico, numa via de uma poética, esta abordagem escultórica apela ao retorno aos sentidos directamente através da obra e não pela sugestão da imagem. Obriga a parar para permitir a distância contemplativa, num silêncio que torna a apreensão da obra diferida do seu primeiro contacto, contrariando assim o actual regime estético que produz inúmeros e simultâneos estímulos e excitações.
Lux foi a qualidade atribuída ao melhor mármore de Paros, utilizado para emitir a luminosidade do Imperador Augusto, na estátua que o divinizava, qualidade que simbolicamente o colocava no firmamento. Portanto, acima das coisas terrenas, acima dos seres de carne e osso. Importa, então, pensar a dimensão simbólica e a sua pertinência na contemporaneidade. A exposição pretende fazer essa reflexão.
Susana Piteira
Susana Piteira, Licenciada em Artes Plásticas – Escultura, pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, 1990. Pós-graduada, desde 2001, em Espaço Público e Regeneração Urbana; Arte e Sociedade, pela Facultat de Belles Arts da Universitat de Barcelona e doutoranda da mesma Faculdade no domínio da Arte Pública, Natureza e Cidade. De 1991 a 1993 é bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian e entre 2002 e 2006 foi bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Desde 1987 participa e organiza exposições de Artes Visuais, Conferências Simpósios e Workshops, nacionais e internacionais, sendo autora de diversos trabalhos escultóricos de intervenção arquitectónica em edifícios particulares e no espaço público em Portugal. Entre 1992 e 1996 leccionou na Universidade de Évora, no curso de Arquitectura Paisagista, e de 1995 a 2002 foi Assistente Convidada no curso de Escultura da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Em 2010/2011 colaborou com a Universidade de Évora leccionando no Mestrado de Educação Artística e está desde este ano lectivo como Assistente Convidada da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, na licenciatura de Artes Plásticas. É formadora acreditada pelo IEFP e pelo Conselho Científico-Pedagógico de Formação Contínua de Professores. Em 2011, fundou a Chães – Associação de Pesquisa e Experimentação em Cultura e Arte da qual é Presidente. Autora de vários artigos sobre Arte no Espaço Público , tem proferido palestras e apresentado comunicações em vários eventos em Portugal, Espanha e Brasil. É também freelancer como artista visual, e as suas áreas de interesse, incidem na importância da materialidade da escultura centrada na criação como aspecto essencial do objecto artístico numa via de uma poética da escultura, bem como nos fenómenos de globalização estética sobre o território, rural e urbano, e nos processos, meios e intervenientes necessários à prática de intervenções artísticas nesse contexto. Vive actualmente e trabalha entre Aveiras de Cima e o Porto.