Desenho, desenhas. O Dois está em tudo e é para todos: primeiro reparei no par amoroso - o casal -, depois percebi que esse “ namoro” estava presente no desenho de todas as coisas vivas: nas cores complementares, no inspirar e expirar, no fio de prumo entre o centro da terra e o sol, no simples facto de estarmos de pé, no abrir e fechar de qualquer sistema...onde há noite há, amorosamente, dia. Um eros expandido, em tudo. Com esta exposição, num conjunto de desenhos, objectos e exercícios, convido a estarmos atentos e participarmos nesse grande desenho cúmplice que é o movimento do Dois. O Dois faz parte da metodologia Um, dois e muitos - que nasce da intuição de que a génese do movimento tem origem na acentuação do Um (a Singularidade), do Dois (a Cumplicidade), e do Muitos (a Comunidade), movimento presente em todas as coisas vivas. Esta dança infinita observa-se desde o mais pequeno elemento vivo à grande escala do universo. A consciência deste movimento conduziu-me ao seu estudo interdisciplinar e tem vindo a ser desenhado e aprofundado na obra Escola Nómada. Durante este ano de 2020, tenho vindo a desenvolver o Dois numa Residência no Teatro do Bairro Alto (numa interacção com os duetos de Sofia Dias e Vitor Roriz, de João Fiadeiro e Carolina Campos e de Teresa Silva e Sara Anjo) e na Residência Artística no Jardim Botânico da Casa da Cerca - Levar as cores onde façam falta. Esta exposição surge como resultado dessas experiências.
Marta Wengorovius
Viajou desde cedo pela Europa detendo-se por períodos alargados na Europa (Itália, França e Alemanha) participando em actividades que a aproximaram do mundo da arte. Realiza depois os seus estudos em Portugal – Curso de Pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa, Desenho do AR.CO, onde frequenta também o curso de Pintura e de Fotografia. Frequenta em 1984-1985 o Curso de Cenografia do Conservatório Nacional.
Finaliza o Curso de Pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa e vai viver para Paris (1988-1989) donde regressa em 1991-1992. Continua as suas viagens, experiências e estadias nos Estados Unidos (bolseira da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento), e em 1993 é convidada pelo Goldsmits’ College (Londres) como Academic Observer. Aí concebe o projecto da Academia de Verão, Convento da Arrábida, 1994.
Em 1994 recebeu o prémio União Latina. Estadia em 1997 em Macau e China e Vietnam como Bolseira da Fundação Oriente. Termina em 2007 o Mestrado em Artes Visuais e Intermédia na Universidade de Évora com a dissertação O evento como pintura: o uso dos olhos. A par da sua actividade artística lecciona Metodologias Artísticas e Desenho na Universidade Lusófona / Departamento de Design. Entre 1991-2003 leccionou Pintura e Desenho no AR.CO.
Expõe individualmente desde 1989 (Galeria Módulo, Lisboa). Os títulos das suas outras individuais Trompe l’oeil (Galeria Valentim de Carvalho), Sur ciel sûr (Culturgest), A sample of my mind (Macau, 1997), Words from the breathing brain (Galeria Pedro Cera, 1998), Lundi je suis rose mardi bleu mecredi orange jeudi vert vendredi rouge samedi violet et dimanche dorée (2002), Showroom #1 (Sala do Veado, – Faculdade de Ciências de Lisboa, 2002), Showroom – Atelier: Paris (2003), Objectos de errância: Uso do Olho #1 ( 2005), Uso do Olho #2 (arco-íris) (2005) e Superfície – a pele perfomática (2005-2008), Evento #1, 2 e 3 (2005), ou eventos Mise à nu par le soleil ou mise à nu par la lune (2006-2008) configuram por si só um universo de pesquisa plástica e pessoal que se alimenta também do envolvimento em projectos de dança (com João Fiadeiro, Franz Polestra, Howard Sonenklar, Skit – projecto internacional de coreografia – entre outros), cinema (Michael Shamberg, Jim Herbert, Cris Marker) e arquitectura (com Baixa Atelier de Arquitectura – Pavilhão do Futuro, Expo-Suíça entre outros), e arquitectura paisagística (com Global).