Carlos Nogueira apresenta uma obra construída com a matéria-prima da memória. Uma memória convocada com objectos respigados da acumulação do dia-a-dia que são tornados plásticos, servindo para compor uma estante depurada, moldura maior de várias pequenas molduras, cada uma sustentando-se também como unidade.
Objectos orgânicos, objectos industriais, obras antigas do artista, materiais nunca usados, caixas de arquivos, livros, vidros, tintas — todos perdem a sua função inicial. Resíduos da sua vida anterior, desligam-se do seu nome, da palavra, dela sobrando uma evocação longínqua. Na sua nova função é-lhes concedida a possibilidade de perenidade, que trabalha quer em cada módulo, quer na combinação horizontal e vertical, parcial ou total, da obra. Ela contém o tempo e é feita no tempo, guardando em si rememoração e esquecimento.
Mariana Pinto dos Santos Historiadora da Arte
Carlos Nogueira,1947, Moçambique. Estudos de escultura na Escola Superior de Belas-Artes do Porto e de pintura na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (1982-1983), da Secretaria de Estado da Cultura (1989-1990) e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (1989). Prémio Camões da II Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira (1980) e Menção Honrosa na Bienal Internacional de Escultura e Desenho das Caldas da Rainha (1995). Integrou as representações portuguesas à Bienal de Veneza (1986), à Trienal de Arquitetura de Milão (1996) e à Quadrienal de Escultura de Riga (2004). Professor associado convidado no curso de Arquitetura da Universidade Autónoma de Lisboa (desde 1998) e professor no Colégio Moderno (desde 1974). Conferencista convidado no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, na Universidade de Mendrizio, nas faculdades de Letras, de Arquitetura e de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, no Ar.Co, entre outros.
Responsável pela criação e conceção dos catálogos das suas exposições individuais e autor do desenho gráfico de catálogos e monografias para várias instituições tais como a Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, o Museu Nacional de Etnologia, o Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa, o Museu da Cidade da Câmara Municipal de Lisboa e a editora Livros Horizonte. Coautor em trabalhos de arquitetura com Ueli Krauss, Miguel Nery, José Manuel Fernandes, Maria de Lurdes Janeiro, Manuel Lacerda, Manuel Aires Mateus, José Adrião, entre outros, e autor dos cenários e figurinos da peça Finis Terra(1994), da Companhia Olga Roriz. Tem obras nas coleções do Ar.Co, Câmara Municipal de Lisboa, Câmara Municipal de Vila Nova da Barquinha, Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea, CAM – Fundação Calouste Gulbenkian, Centro Cultural de Belém, Centro Cultural Emmerico Nunes, Fundação Carmona e Costa, Fundação Mário Soares, Fundação de Serralves, Museu do Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Museu Coleção Berardo, Secretaria de Estado da Cultura, Brighton University, Caixa Geral de Depósitos, Archivo Lafonte – Espanha e em coleções particulares em Portugal e no estrangeiro.
