De 11 Setembro até 16 Outubro 2021

Maria Ribeiro e Francisco Trêpa

Voo Duplo

Exposições

Espaço Triângulo

Com duas asas se levanta voo; com duas mãos se constrói algo imaterial; num espelho de água existe uma imensidão de reflexos; aos pares tudo se pode transformar em infinito.

Em Voo Duplo observamos o resultado e os vestígios de mais de um mês de trabalho colaborativo entre dois artistas em formato de residência onde são exploradas linguagens escultóricas e de performance audiovi- sual. Com o pátio da Galeria Diferença como ponto de partida para a construção de Sem título (evaporar I), observa-se a experimentação de uma prática artística vinculada a uma linguagem muito íntima que pretende explorar a imaterialidade.

A Maria Ribeiro e o Francisco Trêpa trabalham juntos a dimensão material do reflexo, que pode atuar como intermediário entre lugar e espectador. Com a dualidade dos espelhos, tanto no exterior como no interior da Galeria, o seu carácter de instalação alerta-nos para as particularidades invulgares estruturais deste lugar tão carregado de história.

A forte simplicidade inerente no poema de Adília Lopes (que introduz este texto) direciona o leitor para a consciencialização do desapego e da liberdade material que os artistas pretendem fazer presente no seu trabalho, e que simultaneamente homenageiam, apresentando-a num formato físico. Sendo o reflexo um factor fortemente presente nas instalações Sem título (evaporar I e II), estas esculturas constroem subtilmente diálogos entre lugar e espectador, estático e móvel, efémero e duradouro. Maria Ribeiro trabalha a dimensão material do reflexo e do que implica fenomenologicamente a percepção do mesmo por parte do observador. Francisco Trêpa, por sua vez, aborda uma esfera de processos que refletem sobre o conceito de armadilha através de métodos que capturam imageticamente a interação entre animal-alimento-espaço-corpo activa- dor.

Em Grão a Grão e Sem título (agradecimento a Adília Lopes) o método de registo utilizado para captar a inte- ração dos pássaros com a camera trap origina material documental e investigativo através da manipulação propositada do alimento (ou o acto de escrever e elaborar símbolos abstractos). Assim como o poema se refere à liberdade e ao desapego, também os pássaros que observamos no vídeo atuam como “performers” no seu habitat urbano, abordando assim a liberdade do seu livre arbítrio.

Francisco Trêpa (1995) é um artista português residente em Lisboa. Seu início precoce em A Educação Artística esteve na Escola Artística António Arroio, onde se especializou em cerâmica em 2013. Em 2017, Trêpa obteve a Licenciatura em Escultura na Lisbon Fine Faculdade de Letras e em 2022 concluiu o Mestrado em Artes Multimédia na mesma instituição, onde desenvolveu sua dissertação de pesquisa e o projeto Living Tela: exibição de animais vivos em contexto expositivo, sob a tutela de João Onofre e Maria João Gamito.

A Trêpa expõe desde 2015 em Portugal e internacionalmente, destacando-se o seguinte seleção de apresentações: Mostras individuais - 2022 Hiperderme curadoria de Sofia Marçal, Museu Nacional de Ciência e História Natural, Lisboa (PT); 2022 Chalaza, Cabana mad, Lisboa (PT); 2021 Le Salon des Beringelas, Bordalo Museu do Pinheiro, Lisboa (PT); 2021 O elefante entrou na sala e nunca mais à esquerda, Duplex Air, Lisboa (PT). Exposições coletivas – 2023 Motobody.zip com curadoria de Eva Slaba, Galeria Foco, Lisboa (PT); 2022 Cuidar é Compartilhar Com curadoria de Francisco Trêpa, Cabanamad, Lisboa, (PT); 2022 XXII Cerveira Internacional Arte Bienal, Vila Nova de Cerveira, (PT); Prémio Jovens Artistas 2022 CarpeDiem | Fundação Millenium BCP, P31 Lisboa, (PT); 2021 A palha que quebrou o Camels Back, SWAB Art Fair com Duplex Air, Barcelona, ​​(ES); 2021 Voo See More Duplo, Galeria Diferença, Lisboa, (PT); 2021 Concreto e Particular curadoria de Carolina Pelletier Fontes, Casa do Capitão, Lisboa, (Pt); 2020 Vou Levar o Risk, Azan - atelier Tomaz Hipólito, Lisboa, (PT); 2016 XXXIV Fidem Belgium Congress of Art-Medals, Gent, (BE); 1º de 2016 Edição do Prémio Arte Paula Rego, Casa das Histórias, Cascais, (PT); 2014 Novo Ideas in Medallic Sculpture, Rack and Hamper Gallery, Nova York, EUA. Trepa participou de projetos e residências, e em 2022 iniciou sua curadoria Projeto Cuidar é Compartilhar. Em 2022 ganhou o prémio colecção particular do Prémio Arte Jovem CarpeDiem | Fundação Millenium BCP. Sua obra está representada em colecções particulares em Portugal e no estrangeiro.