De 24 Abril até 21 Maio

Ana Hatherly

A Minha Escrita Secreta

Exposições

Espaço Triângulo

Esta exposição tem como objetivo mostrar a diversidade de formulações técnicas e estéticas utilizadas por Ana Hatherly durante cerca de 40 anos de atividade artística. Por essa razão, e também por o número de obras apresentadas ser reduzido, não existe uma unidade formal ou estilística, procurando-se antes, através da diferenciação, exemplificar uma inquietação própria da criatividade da autora, cuja linha de trabalho se situou na fronteira de indefinição entre a escrita e a visualidade, uma das suas características enquanto precursora da poesia experimental em Portugal e também enquanto reconhecida artista plástica.
Apesar de uma parte substancial da sua obra visual estar diretamente ligada à palavra e aos signos gráficos, em determinadas alturas realizou pinturas onde as cores e as tonalidades se revelaram como um fator de exploração primordial, de que a série “Viagem à Índia e outros percursos”, apresentada no Museu do Chiado, em 1997, será um exemplo.
À semelhança de outros artistas, Ana Hatherly gostava de trabalhar por séries, explorando as possibilidades que cada uma lhe proporcionava e, nesse sentido, poder-se-á considerar que cada uma destas obras representa uma porta para a descoberta de um conjunto que essa obra invoca.
Estão patentes trabalhos de diferentes décadas, desde um desenho a lápis de 1967, passando pelas reconhecidas caligrafias e desenhos a tinta da china com conotações poéticas que constituem, porventura, a faceta mais conhecida da sua obra plástica, e pelos anos 90, com uma renovada expressividade pictórica e onde a força do cromatismo é mais evidente.
Refutando o conceito de “coerência” que normalmente se gosta de atribuir aos artistas plásticos, Ana Hatherly optou por uma intransigente liberdade expressiva e uma libertadora irreverência criativa, deixando a imaginação invadir os suportes, normalmente simples, onde executou as suas obras plásticas, optando por espaços de provocação e de experimentação, ao invés de repetir as mesmas soluções plásticas.
Algumas destas obras são inéditas ou pouco divulgadas, o que poderá acrescer ao conhecimento que já se tem da autora, considerando as exposições individuais e coletivas realizadas e o elevado número de livros e catálogos publicados, nos quais está patente uma parte significativa da sua produção visual e gráfica.

Irene Buarque
Fernando Aguiar