“(...) Mas o que se via naquela claridade era a terra, feita satélite da lua? Não teria o disco lunar trocado a ordem da sua natureza, de forma a que a terra se tivesse convertido agora num satélite
da lua, sua companheira, e que nisto se invertia a ordem dos dias em que a mulher reinava, a terra era mar e o sonho morte?”
Sonhos, Walter Benjamin


Esta série é sobre uma luz que não vem do sol. É uma luz que influencia o olhar e desvenda novas possibilidades na ideia do real. Uma tentativa de trazer à superfície um infra-sensível, uma
dimensão que não é palpável diretamente. Poderá ser um lunário sem que nunca olhemos realmente a lua, mas apenas os seus raios e as transformações que estes provocam, como se as coisas por ela iluminadas adquirissem uma característica onírica que as desliga do mundo real. Simultaneamente, existe uma constante relação de deslocamento, afastamento e intimidade com o mundo numa órbita própria. Talvez seja uma ficção científica sobre o choque entre dois mundos: um aparente e outro latente.

Beatriz Banha (1995, Évora) licenciou-se em Fotografia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias em 2019.
Em 2021 foi uma das participantes do festival Circulation(s) em Paris e finalista na Bienal de Fotografia de Vila Franca de Xira. Entre 2020 e 2021, ingressou no Curso de Projecto do Atelier de Lisboa, resultando na exposição “Duas Águas” n’A Ilha em Lisboa. Expôs individualmente e colectivamente, sendo de destacar, “There is nothing old under the Sun” na Galeria da Estação em Braga em 2022, “Chão” no Salto com curadoria da Purga em 2023 e “Too Much of a Good Thing, 10 anos da XYZ”, n’A Ilha, Lisboa em 2023. Foi a vencedora da 2a edição do “Prémio Livro de Fotografia” pela Associação Arte deste Século e a ser publicado pela editora Skinnerboox em 2025. Participou na publicação “Lisboa Mesma Outra Cidade”, um projecto coordenado por Catarina Botelho e David-Alexandre Guéniot e publicado pela Ghost Editions.