08 Novembro até 10 Dezembro
Maria Ribeiro
Argamassa
Exposições
Espaço Quadrado
Maria Ribeiro (n.1983) regressa ao espaço da Galeria Diferença com o intuito de o ocupar, verbo que,
recuperando o seu sentido em latim, sugere uma tomada de posse onde existe um aproveitamento. O
cuidado estético presente em Argamassa começa por ser uma tentativa desta tradução de algo imponente e
exagerado em corpos subtis, como são as esculturas que Maria Ribeiro distribui pela galeria, de variadas
dimensões e múltiplas origens.
Num espaço de dimensões reduzidas, são vários os materiais que a artista convoca, como a madeira,
alumínio e o grês, bem como as técnicas de conjugação destes elementos na galeria.
Essas combinações denotam não só o domínio que Maria Ribeiro tem sobre a parte manual do processo criativo, bem como o cuidado que tem em pensar o espaço como um todo, o pré-existente e o novo, que
emerge com a sua intervenção.
A própria montagem das peças é feita numa disposição de maneira a incomodar os percursos, os referidos obstáculos que nos prendem a atenção, seja na forma de colunas que se elevam, seja na maneira
como Argamassa é uma contínua desvirtuação da expectativa no que toca à convivência de materiais
numa linguagem muito própria e cuidada como é a de Maria Ribeiro. De colunas em cerâmica que simulam a unidade vertical de um só tronco, os próprios encaixes tipicamente feitos em madeira que aqui surgem despidos da sua funcionalidade como peças em grês até às esculturas em cerâmica que na integração que buscam na arquitectura da sala parecem fortalece-la, o jogo a que a artista convida o espectador envolve um olhar atento a esses desvios normativos que são feitos,
alterações ténues às regras e tradição das formas e materiais.
O título da exposição remete-nos para uma ideia de revestimento, de uma construção tosca, mas
rapidamente se percebe que as obras que Maria Ribeiro expõe na Galeria Diferença em Argamassa são
parte de uma longa busca de soluções, de tentativas constantes de se transmitir uma unidade, pensando o espaço artístico como um todo e que é local de nos confrontarmos com esse espanto de sermos
surpreendidos por algo de inusitado, fenómeno raro na actualidade.
Maria Ribeiro nasceu em Lisboa, em 1983, cidade onde vive e trabalha. Concluiu a licenciatura em Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa em 2017 e o mestrado em Escultura na mesma Faculdade em 2020. Frequentou anteriormente o Instituto de Artes e Ofícios (IAO) (2002/2005) na Fundação Ricardo Espírito Santo, onde veio também a lecionar. Tem dirigido desde então inúmeras ações de formação em construção e escultura em escolas, museus e outras instituições culturais. Desde fevereiro de 2022 até julho de 2025, coordenou e lecionou o curso intensivo de escultura em madeira na escola A BASE e faz parte do corpo docente do Colégio Moderno.
Na sua prática artística, desenvolve métodos transdisciplinares que se concretizam numa abordagem entre a escultura e instalação. Procura explorar estratégias que dão continuidade à investigação e ao corpo de trabalho desenvolvido no âmbito do mestrado: “Espaços de Intervenção Escultórica Entre a reflexão e o corpo ativador“. Este projeto explora a perceção e a interpretação subjetiva da obra artística a partir da experiência física e perceptiva do espectador, ativada pelo reflexo em inúmeras obras. O espaço envolvente é também um elemento fundamental da sua prática artística que procura promover novas experiências sensoriais.
Tem participado em várias exposições coletivas, destacando-se Linha Trave Lamina (Galeria Brisa, Lisboa, 2024); A Mais Alta das Torres Começa no Chão (Base, Lisboa, 2024); Um Lugar Depois do Outro (289, Faro, 2023); Voo Duplo (Galeria Diferença, Lisboa, 2021); Lareira (Casa- Atelier Vieira da Silva, Lisboa, 2020).